aspectos práticos para o seu uso na mantença ou ganho de peso .
Palácio Popular da Cultura, Campo Grande MS, 06 de outubro de 1999 CURVA DE CRESCIMENTO SAZONAL NAS PASTAGENS USO DO SAL PROTÉICO MISTURAS MÚLTIPLAS PONTOS BÁSICOS PARA SEREM LEMBRADOS
A eficiência dos sistemas de produção de carne a pasto depende do potencial de dois componentes básicos: o valor forrageiro da planta, ou plantas que compõem a pastagem, e o tipo de animal, ambos limitados pelo meio ambiente (Figura 1). |
FIGURA 1. Interação Planta – Animal
O potencial forrageiro é o resultado de uma complexa interação entre a planta e o meio ambiente, afetando o valor nutritivo (composição química, digestibilidade, produtos da digestão) e o consumo de matéria seca (aceitabilidade, taxa de pastagem e disponibilidade). Já o potencial animal é uma função do indivíduo (idade, tamanho, sexo) e de genética, tendo como fator limitante para sua expressão, o meio ambiente (climático e/ou nutricional). Para atender crescimento e ganho de peso, as exigências nutricionais do animal em pastejo são contínuas, e alcançadas através do consumo diário de matéria seca da pastagem (MS). Entretanto, a medida que a pastagem vai perdendo qualidade, maior tem que ser o consumo de MS, para compensar esta perda em nutrientes (Figura 2). Como o consumo depende da taxa de digestão e, conseqüente taxa de fluxo da MS para fora do rúmen, e ambos processos são limitados pela qualidade da pastagem, o consumo real acaba ficando bastante abaixo do consumo exigido (Figura 2). O resultado é baixo desempenho animal. FIGURA 2. Influência da qualidade da pastagem na exigência e consumo real de MS. (adaptado de PRATES, 1999) A qualidade de uma forragem é alterada à medida que a planta amadurece, e coincide com o início da estação da seca. As alterações na planta consistem em alongamento das hastes e floração, resultando em aumentos no teor de fibra e queda no teor de proteína, com a conseqüente redução no consumo.
O efeito das variações climáticas sobre a qualidade das pastagens, pode ser quantificado em termos de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO). Embora o grau deste efeito possa variar de ano para ano, as tendências são repetitivas, e estão representadas na Figura 3.
Obs.: amostras coletadas simulando pastejo Em parte, estas tendências sazonais podem ser controladas com o uso de pastagens anuais, associadas com as pastagens perenes (Thiago et al., 1997). Na Tabela 1 é mostrada uma comparação qualitativa entre estes dois tipos de pastagem. TABELA 1. Composição da Brachiaria brizantha cv. Marandu, aveia e milheto em amostras simulando o pastejo. Como pode ser observado, o valor nutricional das pastagens anuais é superior ao das pastagens perenes, inclusive durante o período das chuvas. Este fato sugere que é possível suplementar pastagens perenes com pastagens anuais, através de um manejo alternado de pastejo (Thiago et al., 1977). Entretanto, como alertaram os autores, este tipo de suplementação é dependente do clima, principalmente para a situação de inverno, e alterações no histórico normal de precipitação ou temperatura, podem resultar em produções extremamente baixas do pasto anual. Um outro problema é que, por serem anuais, exigem o plantio todo o ano.
O retículo-rúmen representa cerca de 85% do estômago de um bovino adulto e com uma capacidade de até 200 litros (Hill, 1988). A temperatura interna é constante (entre 39°C e 40°C) e o valor pH mantido entre 4,5 e 7 (valor médio de 6) graças à ingestão de grandes quantidades de saliva, principalmente durante o consumo de alimentos fibrosos. O meio é anaeróbico (pouca ou total ausência de oxigênio) e os nutrientes são adicionados em função do comportamento de pastejo, alternado com a ruminação, principal processo responsável pela redução do tamanho das partículas ingeridas. Um movimento regular e constante do retículo-rúmen mistura essas partículas recém-ingeridas com o conteúdo ruminal e direciona as menores do que 1mm (Poppi et al., 1980) para o orifício do retículo-omasal, seguindo sua trajetória pelo trato digestivo. A concentração dos produtos da digestão no retículo-rúmen, principalmente os ácidos graxos voláteis, é mantida em níveis constantes, através do processo contínuo de absorção pelas paredes ruminais. Estas condições ambientais são extremamente favoráveis para uma enorme proliferação de microorganismos (bactérias, protozoários e fungos), os quais permitem aos ruminantes utilizarem a fração não-solúvel (fibras) das pastagens. Em particular, o grupo das bactérias celulolíticas é quem confere aos ruminantes a capacidade de sobreviverem em dietas ricas em fibra. Entretanto, estas bactérias são sensíveis à ausência de nitrogênio (níveis de amônia no líquido ruminal não deveria estar abaixo de 150mg/l) (Preston & Leng, 1987) ou alterações no pH ruminal (pH abaixo de 6,2 podem limitar seriamente seu crescimento). O primeiro caso é conseqüência da queda no teor de PB na pastagem durante a seca (ver Figura 3). Já o segundo caso é conseqüência direta da presença do amido em rações para suplementação (Mould & Ørskov, 1981). Se estes dois aspectos não são analisados cuidadosamente, as respostas esperadas com a suplementação podem ser desastrosas.
Se o objetivo da suplementação é fechar as lacunas deixadas pela curva sazonal de crescimento das pastagens, a estação do ano mais adequada para o seu uso seria a da seca. Na região Centro-Oeste, esta época ocorre entre os meses de junho à setembro, quando as pastagens estão maduras, com baixo crescimento (± 15% e 25% do crescimento anual para os panicuns e braquiárias, respectivamente) e baixos teores de nutrientes. De todos os nutrientes, nitrogênio é o mais limitante, e conseqüentemente, o de maior prioridade para suplementação. Sua presença na dieta do animal em pastejo é vital para manter o crescimento normal das bactérias ruminais, e a estabilidade desta população de bactérias no rúmen afeta diretamente a digestibilidade e o consumo (Egan & Doyle, 1985). Dessa forma, pode-se dizer que para a estação de seca, quando os teores de PB das pastagem estão abaixo de 7% (base na MS), o primeiro objetivo da suplementação seria atender à demanda das bactérias ruminais por nitrogênio. Essas bactérias, fortalecidas, serão capazes de extrair energia da pastagem ingerida pelo animal, através do processo de digestão. Essa situação é alcançada usando-se de fontes protéicas de alta degradabilidade no rúmen (alto valor de proteína degradada no rúmen, PDR), tais como a mistura uréia + sulfato de amônio (85% e 15%, respectivamente). A resposta animal esperada seria em termos de mantença ou leve ganho de peso vivo (até 200 g/an./dia), dependendo da disponibilidade da pastagem. O suplemento a ser utilizado é essencialmente protéico, e popularmente conhecido como “Sal Protéico”. Isto porque na sua composição, o sal comum pode participar de 10%-30% (base matéria fresca), e serve para manter o consumo entre 600 e 300 g/an./dia. É uma alternativa de baixo custo para suplementação alimentar do gado na época da seca. A substituição do sal comum e a inclusão neste suplemento de uma fonte energética (milho, sorgo, aveia) pode aumentar o desempenho animal para até 600 g/an./dia. Novamente, a disponibilidade da pastagem é um fator essencial para se alcançar esse desempenho, associado com o consumo diário do suplemento, que pode variar de 0,3%-1,0% do peso vivo. Este suplemento é conhecido popularmente como “Mistura Múltipla”. Ao contrário do sal protéico, a mistura múltipla pode também ser utilizada durante o período das chuvas, se o objetivo for alcançar ganhos acima do potencial da pastagem (aproximadamente 600 g/an./dia). Nessa época do ano, a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias ruminais, normalmente não é um fator limitante, e a energia passa a ser uma prioridade de suplementação. Se no período da seca o objetivo da suplementação protéica é atender as bactérias ruminais, nas águas, esta deverá atender diretamente o animal, através de fontes protéicas de baixa degradabilidade (baixo valor PDR). Exemplos de fontes protéicas de baixa degradabilidade são: farinha de carne, farinha de peixe, farelo de algodão etc.
Do ponto de vista prático, os bovinos possuem a capacidade de usar tanto proteínas naturais (farelos, forragens etc.) como o nitrogênio não protéico, ou NNP, existente na uréia + sulfato de amônio (85% de uréia + 15% de sulfato de amônio). Entretanto para que isto ocorra, é necessário que exista na dieta uma quantidade adequada de carboidratos solúveis (energia). Quanto mais uniforme for a liberação de amônia (hidrólise do NNP) e a de carbono (digestão dos carboidratos), maior vai ser a eficiência de síntese microbiana e, conseqüentemente, desempenho animal. Não havendo uma disponibilidade adequada de carboidratos no momento da liberação da amônia no rúmen, esta amônia não será incorporada à massa microbiana, sendo então, absorvida do rúmen para dentro da corrente sangüínea e, posteriormente, eliminada pela urina. Este processo metabólico é indesejável, pois requer o uso de energia que poderia, de outra forma, ser utilizada para a produção. Um outro aspecto é que se a liberação de amônia no rúmen ultrapassar a capacidade de metabolização do animal (acima de 75 mg/100 ml de líquido ruminal), vão ocorrer problemas de intoxicação, podendo inclusive levar o animal à morte. Portanto, a participação do NNP na dieta é função do nível energético da mesma. Por exemplo, em animais alimentados exclusivamente com grãos, a eficiência de utilização do NNP pode chegar próximo a 100%. Já com dietas de baixa qualidade, caso das pastagens na seca, esse nível de eficiência cai para 20%. Isto precisa ser considerado no momento de se balancear uma dieta e tomar decisões de quanto NNP poderá substituir a demanda total de proteína. Aparentemente, níveis de substituição de até 40% da proteína natural pelo NNP não afeta o consumo de pastagens na seca (Köster et al., 1996). Entretanto, apenas com níveis de substituição abaixo de 25%, desempenho animal serão aproximadamente similares à suplementos sem uréia (Cochran et al., 1998). A forma mais simples e prática de se suplementar NNP para animais em pastejo, seria através da mistura mineral, considerando-se que após corrigida a deficiência protéica, a presença de fósforo e outros minerais se faz necessária para manter as funções metabólicas normais. O nível de NNP pode alcançar até 50% da mistura mineral (Haddad, 1984). Entretanto, normalmente o consumo dessa mistura acaba sendo muito baixo, devido à baixa palatabilidade do NNP ou aglutinação e empedramento da mistura no cocho. Por essa razão, surgiu o sal protéico, que, além do NNP e mistura mineral na sua composição, inclui também um farelo protéico. Esse ingrediente, além de adicionar fontes extras de nutrientes (proteína e energia), funciona também como palatabilizante. O objetivo fundamental do uso do sal protéico é suprir a deficiência de nitrogênio das bactérias ruminais. Isto ocorrendo, vai haver um aumento no consumo da pastagem e conseqüente maior ingestão de nutrientes, revertendo uma situação de perda de peso para mantença de peso. Abaixo é dado um exemplo dessa mistura: SAL PROTÉICO 1
Essa mistura tem um teor de 58% de PB, com 40% de substituição do PDR por NNP. Consumo diário por animal deveria ficar entre 300 g – 400 g. Ajustes podem ser feitos variando a quantidade do sal comum. Admitindo um consumo diário de 350 g, o custo por animal será igual a R$ 0,10. Uso durante a estação seca (PB na pastagem abaixo de 7%). Desempenho animal: mantença. Podem ocorrer situações em que não há resposta animal ao uso do sal protéico 1. Este seria o caso em que as pastagens, quando bem manejadas (carga animal adequada), apresentam boa disponibilidade de massa no início da seca. Isso permite que o animal em pastejo selecione uma dieta com mais de 7% de PB. Esta última situação está de acordo com o conceito básico para o uso do sal protéico, qual seja, respostas não serão obtidas quando as condições qualitativa e de disponibilidade da pastagem, permitam ao animal manter o peso vivo. Para estas situações, o uso do sal protéico 2, com um consumo um pouco acima do anterior é recomendado. O objetivo seria alcançar ganhos de até 200 g/ani/dia. SAL PROTÉICO 2
Essa mistura tem um teor de 40% de PB, com 20% de substituição do PDR por NNP. Consumo diário por animal deveria ficar entre 500 g – 600 g. Ajustes podem ser feitos variando a quantidade do sal comum. Admitindo um consumo diário de 550 g, o custo por animal será igual a R$ 0,14. Uso durante a estação seca. Uma condição extremamente importante para se iniciar o uso do sal protéico, é que o pasto apresente massa suficiente para suportar todo o período de suplementação, incluindo o provável aumento no consumo deste pasto devido à suplementação. Exemplos práticos para o uso do sal protéico, seria o de manter as condições corporais de novilhas e vacas de cria, ou peso de novilhos que serão abatidos no início do próximo período de chuva. Não é uma medida adequada para se alcançar ganho de peso, mas sim mantença. Em se pensando em custo, lembrar que na época da seca, proteína é o nutriente limitante e por esta razão, o uso do sal protéico normalmente apresenta um maior retorno econômico, quando comparado à suplementação protéica/energética (Wagner, 1989). Este último suplemento é popularmente conhecido como Mistura Múltipla, e será discutido a seguir.
Misturas múltiplas são suplementos balanceados para atender a uma determinada demanda de ganho de peso vivo durante todo o ano. Portanto, atendem múltiplas deficiências nutricionais do animal em pastejo, isto é, proteína, energia e minerais. Desta forma, o seu uso esta sempre associado com ganhos de peso, mas dependendo da quantidade fornecida, pode ocorrer uma substituição da pastagem pelo suplemento. Este é um fator indesejável, pois aumenta muito o custo do ganho do peso. A substituição ocorre, porque as bactérias ruminais atacam primeiramente fontes mais solúveis de alimentos, caso do amido que existe nos grãos, em detrimento de componentes menos digeríveis, como a fibra das pastagens. Segundo Herd (1997), um consumo de suplemento equivalente até 0,3% do peso vivo, é totalmente adicionado ao da pastagem. De 0,3 – 1% do peso vivo, para cada 500 g fornecida do suplemento, ocorre uma redução no consumo da pastagem de aproximadamente 300 g (ambos base MS).O desempenho animal a ser alcançado depende de dois fatores principais: 1- disponibilidade e qualidade do pasto;Atualmente o maior uso das misturas múltiplas, está sendo na engorda de bovinos para o abate ao final do terceiro período de seca (aproximadamente aos 36 meses de idade, sistema conhecido como semiconfinamento). A antecipação da idade de abate ou primeira cria para 22 - 24 meses, seria a segunda maior demanda. Em se pensando no sistema de produção do novilho de 22 – 24 meses, será apresentado a seguir o esquema proposto por Encarnação & Silva (1997). No Brasil Central, o nascimento de bezerros ocorre normalmente entre agosto e outubro, provenientes de uma estação de monta de novembro a janeiro. A desmama acontece entre fevereiro e abril (6 - 7 meses). Dentro desta fase inicial da cria, é possível se efetuar a primeira suplementação do bezerro, denominada de “creep-feeding” ou cocho privado. Consiste no fornecimento de uma ração para os bezerros na fase de aleitamento, iniciando já a partir dos 30 dias de idade. RAÇÃO PARA "CREEP-FEEDING"
Oferecer essa ração à vontade. Se o consumo exceder 1,5 kg/an./dia, adicionar na ração sal comum, na proporção de 7% – 10%, ou limitar a oferta diária manualmente, oferecendo um espaço de 20 cm lineares de cocho por animal. O custo desse suplemento é de R$ 0,21/kg. Essa suplementação deveria permitir aos bezerros alcançarem peso à desmama de aproximadamente 200 kg. MISTURA MÚLTIPLA PARA 1ª SECA (RECRIA) Após a desmama, os bezerros permanecerão em regime de pasto exclusivo até junho, quando então iniciam um novo período de suplementação. Para esse período, que se estenderá até o final da seca (outubro), sugere-se outra mistura múltipla com a seguinte composição: MISTURA MÚLTIPLA PARA 1ª SECA (RECRIA)
Oferecer essa ração diariamente em cochos, iniciando com 0,3% do peso vivo. Aumentar à medida que a disponibilidade de massa comestível da pastagem for diminuindo, alcançando uma oferta máxima de 1% do peso vivo. O custo por kg desse suplemento é de R$ 0,22. Para evitar competição e uma melhor distribuição do consumo entre animais, recomenda-se espaço de cocho entre 30 a 40 cm lineares/animal, e/ou a adição de sal comum (±10% da mistura). Isto é importante para padronizar o ganho de peso do lote suplementado. Lembrar que quando sal comum é utilizado em qualquer mistura, não pode faltar água para os animais, pois esta é veículo para eliminação do excesso de sódio proveniente do sal. O uso do calcário calcítico é para prevenir possíveis problemas de acidose ( consumo do concentrado) e também, evitar relação Ca:P na dieta abaixo de 1:1. MISTURA MÚLTIPLA PARA ÉPOCA DE CHUVA Ao final desse período (outubro) os animais deveriam alcançar os 260 kg de peso vivo (ganho diário de 400 g/an.). Retornariam então a um sistema de pastejo exclusivo, por um período de 7 meses (novembro – maio), quando deveriam alcançar os 376 kg de peso vivo aos 20 meses de idade (ganho médio diário de 550 g/an.). Se o sistema exigir durante esse período ganhos acima deste valor, isso só será possível através do uso de uma terceira mistura múltipla, apropriada para a época das chuvas: MISTURA MÚLTIPLA PARA ÉPOCA DE CHUVA
Essa ração foi balanceada para atender um ganho médio de 700 g/an./dia, se fornecida na base de 2,0 kg/na./dia (base MS). O custo por quilograma deste suplemento é de R$ 0,20. Para adequa-la à sazonalidade das pastagens e ao mesmo tempo reduzir custos, essa mistura múltipla deveria ser fornecida apenas a partir do mês de fevereiro, quando a digestibilidade e disponibilidade das pastagens começam a cair (ver Figura 2) e, conseqüentemente, o ganho de peso. O uso do farelo de algodão (PDR = 49%) no lugar do farelo de soja (PDR = 67%) deve-se à menor degradabilidade da PB do primeiro. Como o teor de proteína das pastagens nessa época não é uma prioridade, a quantidade de proteína que passa pelo rúmen para ser degradada no abomaso é um fator que contribui para melhorar o desempenho animal. MISTURA MÚLTIPLA PARA 2ª SECA (ENGORDA) Supondo-se que os animais no nosso exemplo, não tenham sido suplementados no período das chuvas, o peso vivo no início de maio será de 376 kg (idade média de 20 meses). A partir deste ponto, cabe ao proprietário decidir por uma das duas opções de engorda: 1) confinar;Esta decisão deve ser tomada visando um peso mínimo de abate de 460 kg e espessura de gordura de carcaça entre 3 mm – 4 mm. Em se pensando na suplementação em pasto, a seguinte mistura múltipla é sugerida: MISTURA MÚLTIPLA PARA 2ª SECA (ENGORDA)
Oferecer essa ração na base de 0,8% a 1% de peso vivo, de preferência duas vezes ao dia. Cochos com espaço de 60 cm lineares/animal. O custo por quilograma deste suplemento é de R$ 0,19. Esse sistema de alimentação deveria permitir ao animal alcançar um ganho aproximado de 500 g/an./dia, desde que haja pasto em disponibilidade. Desta forma, o peso vivo para abate será alcançado após um período de 168 dias de suplementação (460 – 376 = 84/0,500 = 168 dias), com idade aproximada de 27 meses. Nessas condições o animal pode usufruir das vantagens econômicas oferecidas pelo programa denominado Novilho Precoce. MISTURA MÚLTIPLA PARA CONFINAMENTO Se a opção for pela engorda em confinamento, é necessário que haja instalações apropriadas (curral a céu aberto, 15 m²/animal e 60 cm lineares/animal de cocho, grupos de 30 – 50 cabeças), volumoso (silagem de sorgo ou de milho) e o seguinte concentrado: MISTURA MÚLTIPLA PARA CONFINAMENTO
A silagem é fornecida à vontade, duas vezes ao dia. O concentrado, também duas vezes ao dia, e na base de 1% do peso vivo. Usar um período de 12 dias para adaptação dos animais ao concentrado: 25%, 50% e 75% do total de concentrado a ser fornecido, espaçados de 4 dias cada. A partir do 13o dia iniciar com 100% do total de concentrado. O custo por quilograma deste suplemento é de R$ 0,19. O ganho de peso médio esperado é da ordem de 1.200 g/an./dia. Desta forma, o período necessário para alcançar o peso de abate será reduzido para 70 dias (incluindo período de adaptação).
A condição para a adoção da suplementação dentro dos sistemas de produção de carne é que a mesma atenda uma relação custo/benefício favorável. O princípio básico para o seu uso com sucesso é que a mesma venha a interagir com a pastagem de modo a maximizar o seu uso pelos animais (aumento na digestibilidade e consumo). Lembrar que os suplementos concentrados, em geral, são caros e o seu uso com ruminantes não é tão eficiente, em termos metabólicos, como o são com suínos e aves, além de competir com humanos. Entretanto, se se considerar que a pastagem seria mal utilizada (ausência de nutrientes) ou mesmo perdida (excesso de palhada ao final da seca) pela falta de um suplemento, pode-se argumentar que os ruminantes podem também vir a ser um eficiente utilizador do mesmo. É essencial que a pesquisa indique curvas de resposta à suplementação, mas também é extremamente importante que as bases de manejo de uma pastagem (adubação e carga animal) sejam mais praticadas pelo pecuarista. A suplementação de animais jovens como bezerros mamando ("creep-feeding") ou após desmama (suplementação 1ª seca) precisa ser criteriosamente analisada tanto pelo fator econômico (custo do suplemento) como biológico (ganho compensatório). O ganho compensatório consiste num aumento na taxa de ganho de peso, que normalmente ocorre após um período de subnutrição e sua magnitude é função da natureza, severidade e extensão do período de subnutrição e tipo de alimentação no período subseqüente. O resultado é que animais não suplementados podem alcançar o mesmo peso de animais suplementados ao final do período de pastejo das águas (Tundisi et al., 1966).
1. O objetivo principal da oferta de proteína e/ou energia para animais em pastejo é suplementar, mas não substituir a forragem. COCHRAN, R.C.; KÖSTER, H.H.; OLSON, K.C.; HELDT, J.S.; MATHIS, C.P.; WOODS, B.C. Supplemental protein sources for grazing beef cattle. In: Florida Ruminant Nutrition Symposium, Florida, 1998. University of Florida, Gainsville, USA. |